Raimundo Irineu Serra nasceu em 15 de dezembro de 1890 no antigo Bairro do Limão, hoje Santa Tereza, nos arredores da Vila de São Vicente Férrer (hoje, cidade), na Baixada Maranhense, região formada por grandes campinas que alagam na estação das chuvas, onde “Os primeiros habitantes foram os índios que eram numerosos naquelas planícies e seriam provavelmente os guajajaras, que falavam dialetos do tronco Tupi” (PINTO, 2001: 28). Como o poeta cantou, lindamente, “Nos deram espelhos e vimos um mundo doente…” (RUSSO, 1989). A roda do tempo girou e no ano de 1883 estava registrada na Vila a quantidade de 1812 escravos, com nacionalidades de origem apontando para Angola, Guiné e Daomé (PINTO, 2001: 32). Os avós maternos de Irineu “(…) Eram escravos de Salustiano José Serra. (…) O sobrenome Serra foi repassado para André Cursino [avô], através do proprietário, segundo o costume de antigos senhores de escravos no Brasil” (MOREIRA & MACRAE, 2011: 78-79). Mas quando Irineu veio ao mundo, na pintura bucólica do desbravador Eduardo Bayer Neto, “(…) Já não havia nem escravidão nem Imperador, derrubara-se os pelourinhos do Maranhão. Restara o povo, que por ali ia vivendo, criando (até anta) nas cercanias, plantando macaxeira da farinha nossa de cada dia, o milho, o arroz, o feijão, a batata-doce, o algodão. Da cana de açúcar se extraía a aguardente da terra, do tabaco se preparavam os charutinhos e o rapé, do tucum se tiravam as palhas para as cordas de redes e tarrafas – e nos muitos rios daquela baixada se pescava curimatã, acará, jandiá, jeju, traíra, piaba, bagre, cascudo… No mais eram os porcos e galinhas para criar, algum cabrito, muitas frutas nos pés, a areia fina das estradas e o sol forte do nordeste…” (BAYER NETO, 1992: 3).
Filho de Sancho Martinho de Mattos e Joana de Ascenção Serra, primogênito de oito irmãos, Verônica, Maria, Raimunda (“Nhá Dica”), Raimundo (“Dico”), Matilde, Tertuliana e José de Ribamar (“Zé Cuia”), Irineu, por volta dos 18 anos, decide deixar o torrão natal em busca de uma vida melhor. De natureza intrépida e aventureira, como bom sagitariano, a gota d’água do desenlace familiar parece ter sido um fraco por Tambor de Crioula, a vertente profana do sagrado Tambor de Mina, que, contrariamente àquele, não permite a água benta dos ébrios. Na contramão de líderes religiosos bitolados ou mesmo hipócritas, como um Jesus “festeiro, comilão e beberrão” (Mt 11, 19; Lc 5, 29), o pé de valsa Irineu Serra gostava de festinhas e festanças. Destas, duas tornaram-se inesquecíveis: uma de três dias de duração em comemoração ao casamento com Peregrina Gomes Serra em 15 de setembro de 1956; outra de dois dias quando retornou de sua visita ao Maranhão na companhia de seus três sobrinhos Daniel, Zequinha e João em fevereiro de 1958 (MOREIRA & MACRAE, 2011: 80-81). Tive o privilégio de passar um final de semana na casa de Daniel antes de seu retorno em definitivo para o estado natal. Sentado em uma rede, em tom nostálgico com sua peculiar voz pausada, contou que o tio comprou peixe em Boca do Acre, última cidade do Amazonas banhada pelo Rio Purus, onde a embarcação aportara momentaneamente.
O fato é que os forrós patrocinados pelo Mestre em Rio Branco, tornaram-se concorridos e invariavelmente pautados por uma premissa: o respeito. Certa feita, segundo o saudoso mentor Luiz Mendes do Nascimento, em um desses arrasta-pés, certo homem desavergonhado abriu o zíper da calça e urinou na parede da sala do Mestre, que, ao perceber, dirigiu-se ao infame aplicando-lhe um potente cascudo, fazendo-o adormecer até o sol nascer em uma rede estendida a pedido do benevolente anfitrião. Ao final do rala-bucho, quando o procuraram, a tipoia balançava solitária ao vento… Para quem pensa em Raimundo Irineu Serra como um homem truculento, desconhece o fidalgo em que ele verdadeiramente se transformou, aperfeiçoando-se na doutrina da civilidade. Como um trovador provençal, semeadores na Idade Média do inovador amor cortês, galante e altivo, sua voz reverberava no salão de dança o honroso convite almejado por senhoras e senhoritas da corte: – Uma dama de prata para um cavalheiro de ouro! Ô maravilha… Do baú do vovô Luiz, mais um tesouro.
Tornando a São Vicente, lá estava um jovem traquino na memória de Aprígio Antero Serra, o primo: “Ele foi para a festa. Nessa época os filhos que não tinham pai eram criados pelos tios. O Irineu foi fugido da mãe dele para esse Tambor de Crioula, combinado com o Casimiro, primo dele que era do mesmo tamanho, e quando foi dez, onze horas da noite pegaram um barulho; aí começaram a briga, botaram todo mundo para correr e inventarão de pegar um facão e cortar tudo quanto era punho de rede do dono da casa, derrubaram porta e tudo. (…) Aí mandaram avisar a mãe dele, já quase uma hora da manhã ela foi bater na casa do irmão, o Paulo Serra, para contar o que tinha acontecido. Ele disse que de manhã, quando fosse botar água para o gado, passava na casa dela. (…) Quando chegou perguntou: Cadê o preto?! E a mãe dele, que estava enchendo as cabaças de água na cacimba, disse: Está aí. E o padrinho Paulo, com um rebenque de duas batedeiras com oito pernas de cada lado, chamou o sobrinho brigando. E foram três tacadas em cima da cabeça de Irineu. Foi o padrinho sair, ele pegou uma calça de saco, uma camisa de brim, tudo dentro de um saco de trigo e ganhou mundo. Só foi aparecer de novo quarenta e seis anos depois, ninguém não sabia se estava vivo ou morto” (BAYER NETO, 1992: 3). Segundo o autor, em seu retorno à terra natal em 1957, Mestre Irineu reencontrou com muita alegria seu velho tio, aproveitando a ocasião para lhe agradecer o corretivo. Sua alegria só não foi completa, pois sua amantíssima mãe cuja saudade fora eternizada em hino, havia falecido. E como estaria a prima Fernanda, o primeiro amor cujo adeus lhe custou dissabor – em uma noite enluarada, no terreiro da casa onde estava albergado, pensou…
Sua família permaneceu no humilde lugarejo, hoje bairro Santa Tereza. Na capital, São Luís, serve ao exército, labuta como leiteiro, estivador e tripulante de navio (MOREIRA & MACRAE, 2011: 78). Após, segue para Belém, onde por alguns meses ganha a vida como jardineiro (CARIOCA, 2000: 24). Depois, aporta em Manaus e embarca para a cidade de Itacoatiara onde trabalha como magarefe (MOREIRA & MACRAE, 2011: 80-81). No início de 1912 desembarca nas úmidas, quentes e esquecidas terras do Território do Acre, após algumas semanas em uma embarcação a vapor popularizada de forma pertinente como “navio gaiola”. O jovem Irineu testemunhava uma saga semelhante à de seus ancestrais. Se os africanos sabiam que eram tão somente escravos, a escravatura da borracha era temperada com uma pitada a mais de impiedade: muitos dos nordestinos que ali chegavam haviam sido iludidos por promessas de riquezas a serem alcançadas no “eldorado verde”. Malária, filária, febre amarela, beribéri, botulismo, onças e cobras venenosas que ali estavam juntamente aos coronéis da borracha, a provar a coragem e resistência desses valorosos brasileiros da primeira metade do século XX. Antes, o heroico José Plácido de Castro (1873-1908) havia chefiado naquelas paragens a Revolução Acreana, que cumpriu seu intento em janeiro de 1903, com o decreto do Estado Independente do Acre. Em 17 de Novembro de 1903, através do Tratado de Petrópolis, o Brasil recebeu a posse definitiva da região que era propriedade da Bolívia – o Acre é incorporado ao Brasil como Território. Em 15 de junho de 1962, passou a Estado (CASTRO, 2003: 10-12).
Por volta de 1914, nas imediações de Brasília (hoje, Brasiléia, AC), Irineu encontrou seu conterrâneo Antônio Costa, um regatão (mercador fluvial) que ganhava a vida comprando e vendendo borracha. Sentindo o peso das grandes dificuldades que assolavam os imigrantes nordestinos, Irineu, através de Antônio Costa, experimentou Ayahuasca; segundo o Orador de Mestre Irineu, Luiz Mendes do Nascimento, “invocando num ritual com caboclos da região um auxílio que pudesse socorrê-lo diante das dificuldades em que vivia” (Comunicação pessoal). Aquele jovem com essa atitude demonstrava uma virtude fundamental no caminho que viria a trilhar: o destemor! Quando a força da bebida se manifestou seus olhos contemplaram muitas cruzes, dando-lhe a primeira pista da missão a ser recebida. Posteriormente, fazendo seu próprio chá, resultado do cozimento do cipó Jagube (Banisteriopsis caapi) com a folha Rainha (Psychotria viridis), teve a visão que mudaria definitivamente sua vida e a dos futuros discípulos: uma “senhora” por nome “Clara” lhe apareceu, propondo uma dádiva missionária: curar através daquela bebida. Antes de aceitar a missão ponderou em cívicas palavras: – Se for algo bom para o meu país, eu aceito! Em seguida foi submetido ao primeiro teste de sua afirmação, quando a “senhora” replicou: – Você só não pode oferecer nem ganhar dinheiro. Ao aceitar e efetivamente cumprir essas condições por toda vida, fundamenta os dois primeiros preceitos da genuína ética daimista – para Raimundo Irineu Serra, cláusulas pétreas. Em sua mais pura origem, a doutrina do Daime é não proselitista e não mercantilista.
Nas matas, como se imitasse os enigmáticos “anos ocultos de Jesus”, Irineu não se revelou “mestre” por quase vinte anos. Em que pese a inegável influência católica presente em sua vida, testemunhando a devoção ao Terço por sua mãe e incorporando o culto a Virgem Maria e São José como exemplos, não se tem notícia de que alguma vez tenha pensado e muito menos declarado sua organização religiosa como “igreja”, nos padrões tradicionais que a configuram. O bojo de sua prática espiritual foi marginal a esse paradigma, como cabia a um revolucionário forasteiro, começando por sua primeira experiência com Ayahuasca, na qual invocava-se o “demônio”. Na segunda metade da década de 1910, em Brasília (hoje Brasileia, Ac), à época distrito de Xapuri, foi cofundador das sessões do Círculo de Regeneração e Fé (CRF), entidade espírita-esotérica cujo presidente era Antônio Costa, conterrâneo que o apresentou à ancestral bebida. Segundo o tratado biográfico Eu Venho de Longe, fruto de minuciosas, exaustivas e louváveis pesquisas do condiscípulo Paulo Moreira, as reuniões tinham a presença de muitos negros, incluindo maranhenses, que sofriam constante perseguição policial movida contra a “feitiçaria”, “(…) Possivelmente por ser visto pelas autoridades como uma agremiação de negros curandeiros, usuários de “substâncias venenosas”, “Termo usado na época para o que hoje seria denominado “drogas”” (MOREIRA & MACRAE, 2011: 105, 124).
Em decorrência da perseguição e para dela escapar, as reuniões eram itinerantes, também ocorrendo em seringais peruanos e bolivianos. E foi em uma dessas diligências, em 14 de agosto de 1916, que Irineu, fugindo, atirou-se em um rio para atravessar a nado a fronteira, quando um tiro disparado por um policial de Cobija, Bolívia, o acertou na mão direita, deixando uma cicatriz permanente próxima ao dedo mindinho (MOREIRA & MACRAE, 2011: 103-112). Como fruto de sua espiritualidade marginal, Irineu também sofreu uma forte resistência da parte de sua primeira companheira, a senhora Emília Rosa Amorim, com quem teve um casal de filhos (Valcírio e Valcirene) na mesma época em que frequentava as sessões do CRF. Segundo depoimento do filho, colhido pelo condiscípulo Jairo Carioca e publicado em sua bela monografia Doutrina do Santo Daime – A Filosofia do Século, “(…) Porque mamãe não concordava com a linha espiritual seguida por papai” (CARIOCA, 2000: 31).
A exemplo do atentado de Cobija, duas décadas depois, domiciliado em Rio Branco, sob o mesmo preconceito e intolerância religiosa, teve sua casa “(…) Cercada por quarenta homens, fortemente armados. O tenente invadiu a residência e o acordou, apontando um revolver para sua cabeça” (MOREIRA & MACRAE, 2011: 218). Anos mais tarde, Raimundo Gomes da Silva, em seu hinário, hoje canonizado no centro fundado por Mestre Irineu, eternizaria esses momentos de iminente fatalidade, testemunhando de forma dramática a voz do Mestre nas quatro primeiras frases, seguida da resposta de seu discípulo nas últimas quatro: “Já fazem meio século/Que eu trabalho dentro da luz/Quase vou assassinado/Como assassinaram Jesus/Os estudos que vós tem/Que o Divino Pai lhe dá/Os mesmos assassinos/Não podem lhe assassinar” (O Ramalho, 54: 5-6).
Após duas décadas de laborioso estudo neste mistério, no dia 26 de maio de 1930, aos 40 anos, o imponente negro de 1,98m, braços de estivador e pés 48 realizava a primeira sessão aberta do Daime, fundamentando sua missão: uma doutrina cristã, de cunho espírita e esotérico, em um pequeno bairro rural de Rio Branco (MOREIRA & MACRAE, 2011: 257-258). Iniciava-se uma nova revolução acreana que está lavrada em evangelhos denominados hinários. A princípio foram em número de cinco, que constituem a denominada base doutrinária do Daime: Hinário de Germano Guilherme (“Sois Baliza”); Hinário de Antônio Gomes da Silva (“Amor Divino”); Hinário de João Pereira (“Seis de Janeiro”); Hinário de Maria Damião (“Mensageiro”); e a obra central, o hinário O Cruzeiro. Os fundamentadores do movimento tinham algo em comum com os primeiros discípulos do Nazareno: pobres e analfabetos que tiravam da agricultura de subsistência e pesca grande parte de seu sustento. A hinologia no Daime também remonta as primeiras comunidades cristãs. A Epístola aos Efésios não deixa dúvidas: “Falai uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração” (5:19). Segundo o teólogo Willibald Bösen, “O escritor pagão Plínio, o jovem (61-113 d.C.), também atesta a presença de hinos nas antigas comunidades cristãs” (BÖSEN, 2015: 110-111).
Mestre Irineu confessou a seu discípulo João Facundes que, da Bíblia, havia guardado dois preceitos “(…) Pra nós amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” (MOREIRA & MACRAE, 2011: 374). Assim, através de seu singular espírito caridoso, Mestre Irineu realizou muitas curas através do Daime; algumas consideradas “milagres”. De 1930 a 1945 as sessões espirituais eram realizados na Vila Ivonete, hoje o bairro de Rio Branco que abriga as igrejas da Barquinha, linha ayhuasqueira fundamentada por Mestre Daniel Pereira de Matos, iniciado no Daime pelo decano maranhense. Em 1945 transferiu-se para um lugar mais afastado, a Colocação Espalhado. Batizado de Alto da Santa Cruz, popularizou-se como Alto Santo, posteriormente designado pela prefeitura de Rio Branco como bairro Irineu Serra. Coerente à sua índole investigativa e vanguardista, Mestre Irineu ampliou seu horizonte espiritual – nada ortodoxo comparado ao status quo católico, que dominava a religiosidade brasileira e acreana – ao se afeiçoar à literatura do Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento (CECP), através das revistas trazidas primeiramente por seu discípulo Daniel Pereira de Matos (MOREIRA & MACRAE, 2011: 294). Enfatizo uma informação pouco divulgada e estudada: a concomitante filiação do Mestre à Ordem Rosacruz, de onde recebeu um diploma de Honra ao Mérito (CARIOCA, 2000: 60).
No dia 6 de julho de 1971, aos 80 anos, Raimundo Irineu Serra fez seu passamento, recebendo as honras do amigo e então governador Wanderley Dantas, através da banda da Polícia Militar que acompanhou o cortejo fúnebre (MOREIRA & MACRAE, 2011: 394). Mestre Irineu empresta o nome a uma rua do bairro Aviário, à linha 205 dos ônibus municipais, a uma estrada, uma área de proteção ambiental (APARIS) e a um colégio municipal (vide fotos, a seguir). Em 2006, o CICLU – Alto Santo, Centro de Iluminação Cristã Luz Universal, matriz do Daime sem filiais, foi homologado como Patrimônio Histórico do Acre. Em 2007, outra justa e emocionante homenagem foi prestada pela novelista acreana Glória Perez: uma distinta representação do saudoso ator Milton Gonçalves na minissérie Amazônia. Em dezembro de 2012, através de sua consorte Peregrina Serra, recebeu da Prefeitura de Rio Branco, a Comenda Volta da Empreza (com “z”), Grau Chanceler Barão do Rio Branco. Em dezembro de 2020, a “Comunidade Alto Santo” recebeu o Prêmio Chico Mendes de Resistência – Destaque Povos Originários e Comunidade Tradicionais. Mestre Irineu deixou um legado, de virtudes coroado: trabalho, honestidade, renúncia, fraternidade, caridade e equilíbrio em sua prática diária de louvor a Deus.
NOTA 1: sobre o nascimento: a data natalícia de Raimundo Irineu Serra, segundo ele mesmo anunciou enquanto estava encarnado, é 15 de Dezembro de 1892. Entretanto, o senhor Luiz Mendes do Nascimento, o “Orador do Mestre”, a quem fui ligado institucionalmente por dez anos, confidenciou-me: “Na verdade, o Mestre não sabia a data exata quando veio do Maranhão”. Após a descoberta de seu registro de batismo em 2002, através do historiador Marcos Vinicius Neves – “Chamo o tempo, eu chamo o tempo/Para ele vir me ensinar…” (O Cruzeiro, 71:1) -, comprovou-se ser 1890 o ano histórico de seu nascimento (MAIA NETO, 2003: 93). O referido registro não é um documento isolado. Está em um livro (que tive a oportunidade de ver e fotografar) catalogado como “5-B”, que compreende batismos feitos entre 1888 e 1892, todos arrolados em ordem cronológica por dia, mês e ano. Entre os milhares de nomes do Livro, batizado “Aos vinte e duis de março de mil oitocentos e noventa e um” está o do “innocente Irineu”, “nascido a quinse de dezembro do anno ultimo findo” no português arcaico do final do século XIX, do batizante, o “vigário encommendado” padre José Bráulio Nunes (MAIA NETO, 2003: 106-108; MOREIRA & MACRAE, 2011: 70, 71, 119). Transcrição, abaixo:
NOTA 2: para conhecer em detalhes o episódio da tentativa de homicídio a Mestre Irineu em Cobija, consultar o ótimo artigo do ayahuasqueiro, sociólogo e escritor Juarez Duarte Bomfim, Mestre Irineu E O Atentado À Sua Sagrada Vida. Perseguição Ao CRF – Círculo de Regeneração E Fé, publicado em sua coluna no Jornal da Grande Bahia em 13 de dezembro de 2019. Pesquise no Google pelo título do artigo ou acesse clicando aqui: https://jornalgrandebahia.com.br/2019/12/mestre-irineu-e-o-episodio-do-atentado-a-sua-sagrada-vida-perseguicao-ao-crf-circulo-de-regeneracao-e-fe-por-juarez-duarte-bomfim/
NOTA 3: para aprofundamento na biografia de Mestre Irineu, recomendo o tratado biográfico do condiscípulo Paulo Moreira (autor principal), referendado mais abaixo.
FOTOS:
EM SÃO VICENTE FÉRRER (VIAGEM EM 2005):
Na entrada da cidade.
Em frente à igreja onde Irineu foi batizado.
Com o livro de batismo.
Livro “5-B”, “1888-1892”
Local onde ficava a casa de Joana Serra e filhos.
No bairro Santa Tereza, em frente ao terreno, antes de assentarem o cruzeiro.
No “terreiro de Irineu menino” (fundos de onde estava a casa).
Com Rita Serra, filha do “tio Paulo”, em frente à sua casa
Com Maria “Pindobeira” (e neto), prima de segundo grau de Mestre Irineu por parte de mãe (ao fundo, um pé de tucum).
Humilde casa de Maria “Pindobeira” no bairro Santa Tereza, muito semelhante à casa onde o jovem Irineu morou com sua família um século antes.
NO BAIRRO IRINEU SERRA:
Com uma calça de trabalho braçal de Mestre Irineu (ano 2000).
Escola fundada por Mestre Irineu com o nome de Escola Cruzeiro, hoje municipal.
Estrada de acesso ao bairro Irineu Serra.
Linha municipal de ônibus que atende o bairro.
Área de Proteção Ambiental (na foto, o amigo Juarez Duarte Bonfim)
CICLU-ALTO SANTO (fotos de Altino Machado).
REFÊRENCIAS:
BAYER NETO, Eduardo. Século XIX: No Maranhão, a Aurora da Vida do Mestre. Jornal O Rio Branco, suplemento especial: O Centenário de Juramidam. Rio Branco, AC, 15 de Dezembro de 1992;
BÖSEN, Willibald. Ressuscitado Segundo As Escrituras: Fundamentos Bíblicos da Fé Pascal. São Paulo: Paulinas, 2015;
CARIOCA, Jairo. Doutrina do Santo Daime: A Filosofia do Século. Rio Branco, 2000. Monografia;
CASTRO, Plácido de. Apontamentos Sobre a Revolução Acreana. Organização Tenório Telles. Manaus, AM: Editora Valer e Governo do Estado do Amazonas, 2003;
FLUSSER, David. O Judaísmo e as Origens do Cristianismo, Volume 1. Rio de Janeiro: Imago, 2000;
MAIA NETO, Florestan J. Contos da Lua Branca –Vol1. Rio Branco, AC: Fundação Elias Mansour, 2003;
MOREIRA, Paulo; MACRAE, Edward. Eu Venho de Longe: Mestre Irineu e Seus Companheiros. Salvador: EDUFBA, 2011;
PINTO, Gracilene. São Vicente Férrer: História, Povo e Cultura. Monografia, 2001;
RAMACHANDRA, Adilson Silva. “O Pensamento” Em Evolução: Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento: 100 anos – 1909-2009. São Paulo: Pensamento, 2010;
RUSSO, Renato. Índios. Álbum “Dois”. Rio de Janeiro: EMI, 1986
Respostas de 17
A história do mestre Irineu é da maior importância para todos os seres humanos de todas as nações, por ser a história de um ser humano universal, como o delta de varias culturas onde esse nosso padrinho e pai, metre, notável e amoroso se alimentou e enraizou seu Ser. Africanos, Ameríndios e europeus. deixando um legado para todos de uma herança indígena do maior valor, a medicina da floresta, que colocando-a numa moldura religiosa assimilável por todos os seres humanos desta época, possibilitou a verdadeira integração cultural espiritual que está sendo a base da regeneração desta humanidade.
A história do mestre Irineu é da maior importância para todos os seres humanos de todas as nações, por ser a história de um ser humano universal, como o delta de varias culturas, onde esse nosso padrinho e pai, mestre, notável e amoroso, se alimentou e enraizou seu Ser. Africanos, Ameríndios e europeus. deixando um legado para todos de uma herança indígena do maior valor, a medicina da floresta, que colocando-a numa moldura religiosa assimilável por todos os seres humanos desta época, possibilitou a verdadeira integração cultural espiritual que está sendo a base da regeneração desta humanidade.
Grato pela contribuição!
Maravilha irmão! Um belo documentário!!!
Parabéns! Deus abençoe 🙌🙏🏼🙌
Grato, meu amigo!
Muito legal. Parabéns!
Grato, Maria, pelo atenção e estímulo. Sucesso!
Parabéns Florestan pelo texto ricamente escrito e fartamente referenciado. Esse trabalho merece prosperar! De um daimista do Sul, desejo luz, paz e amor!
Gratíssimo, mano! Desejo-te o melhor!
Sou imensamente grata por essa linda e profunda partilha da história do nosso mestre.Já li muitos textos biográficos de nosso querido mestre.Mas esse é diferente,esse agente sente.Gratidão querido amigo,por todos os estudos que fez para que chegasse até nós esse primor de texto.Deus te abençoe sempre.
Gratíssimo pelo carinho de sempre prezada amiga! Escrevo com o coração para pessoas sensíveis como você! Grande beijo e abraço fraterno!💜🌷
Parabéns, seu resumo tem a mesma simplicidade do Mestre. Grande contribuição.
Grato, amigo. Estou ciente de minhas limitações, mas estou me esforçando para dar o meu melhor!
Querido Florestan,
Que maravilha seu trabalho. Um primor.
Sempre lembro de você, durante a vida inteira. De um tronco pesado, que me ajudastes a carregar da Tarumim ao Feitio, para a troca de dois caçopos. E de sua maneira amigável e suave. Um bom ouvinte.
Também estudo as sagradas escrituras; e encontrei importantes revelações no hinário que se segue, do discípulo Sebastião Mota de Melo. De todos os hinários, à meu ver o mais “bíblico”.
Embora também analfabeto, um grande interessado e estudioso da Bíblia. Que a estudava com o pai da Madrinha Rita.
Desejo boa saúde, e paz de espírito, amigo. Um forte abraço saudoso.
Melhores saudações de Zhejiang Province – China,
Cláudio Vieira Ferreira.
Gratíssimo mano, pelo carinho e consideração! Recebido no coração!
Belo trabalho
Agradeço sua atenção. 💜🌷