Quando amor se vai,
Um pedaço faltando,
Só a dor abundando.
Da flor aos espinhos,
Quanto mais afagos,
Tanto mais sozinho.
Sala, lamento, velas,
Jejum e porta aberta,
Só lenços na baixela,
O minadouro do olho,
Aguando a raiz eterna:
Amor! Ato e passado,
Pela metade e inteiro,
O primaz e derradeiro,
No céu e na necrópole,
E há vida até na morte:
No sono da eternidade,
Não fenece a saudade!
Da noite em desalento,
Reponta a bendita luz,
Sol, o séquito conduz…
Concebe-se uma razão,
Para compreendermos,
Na misericórdia divina,
O consolo dos homens:
Se em tudo vive Deus,
Sobretudo brilha vida!
Nota: poesia inspirada na passagem de minha mãe Giselda Japiassú Maia em 20/09/2009. N’O Cruzeiro, os hino 07, Dois de Novembro, cantado na Missa, muito especificamente alude ao evento da “passagem” (passamento). A dor da perda do ente querido está eternizada no hino 91, Choro Muito, que diz respeito a Maria Marques Vieira, a Maria Damião, discípula de Mestre Irineu. Poesia com registro autoral em nome de Florestan Japiassú Maia Neto.
Foto: jardim do mausoléu de Mestre Irineu, localizado à estrada Raimundo Irineu Serra, bairro Irineu Serra, Rio Branco, AC. Click: Florestan Neto, março de 2020.